descobrir que amamos alguém com a qual uma relação nunca dará certo.
alguém, que só vemos como um amigo.
aquele amigo, que nos faz sorrir, mas também nos magoa.
que tem tudo de especial e tudo de irreverente.
a necessidade te ter, o medo de partilhar.
e uma só certeza, nunca com ele vou ficar.
Sinto-me vazia. Como se faltasse uma parte de mim. Uma parte que sinto que tenho, mas que não encontro. Existe e não se manifesta. Quero ter amor ter alguém que me faça sorrir só de ver o seu sorriso, sentir o seu perfume, ver mover o seu corpo.
Alguem que me abrace e me dê carinho, que me complete. Que sinta as batidas do meu coração ao mesmo tempo que as suas.
Contudo a maior questão é que talvez essa pessoa já exista e eu insisto em não querer vê-la. Sinto-a perto, mas distante. São atitudes, movimentos, simples gestos...

" A exploração do ser Humano pelo ser Humano. "

“Existem muitos tipos de vampiros, mas nem todos eles sugam o sangue.” Muitos, dos que leram esta frase, de Fritz Lieber, julgaram-na absurda. Uma pessoa a falar de vampiros, que nem sequer existem, e ainda a dizer que há vampiros que não sugam sangue. É uma inutilidade. Contudo o que não vêem, ou fingem não ver, é que esses vampiros “incompletos” se tratam deles próprios. Cada um desses vampiros é um pouco de cada um de nós, retratando a nossa ganância e egoísmo.
Começamos por tentar mandar nos outros, fazê-los acreditar que nós temos poder sobre eles, que devemos ser nós a guiá-los e que eles nos devem seguir. Os outros, sem saber como ou porquê, ao fim de algum tempo caem no fundo e não se apercebem que os “despojamos das suas energias, vontades e do seu livre arbítrio”. Tiramos-lhes a vida, todavia o sangue ainda flui nos seus corpos. O sangue continua a fluir, mas o coração pára. Pára de tristeza, pára pela ânsia da liberdade. Pára, quando o coração de outro bate, cada vez mais friamente, ao ver o seu império crescer, á custa dos que “sugou”.
Não sobrevivemos com o seu sangue, sobrevivemos com as suas vidas. Roubamo-los de tal forma que eles acabam por morrer, psicologicamente, pois é impossível que alguém viva, tendo como sombra outra pessoa. Mordemos-lhes sem os matarmos, deixamos os seus corpos. Mas que diferença faz, não seremos igualmente vampiros?! Somo-lo.
O homem que bate na sua mulher; a mulher que obrigada os seus filhos a trabalharem, ao invés de estudarem; os filhos que abandonam os seus pais, idosos, em lares sem condições; os patrões que não pagam salários e forçam os seus funcionários a trabalhar. Quem são estas pessoas na nossa sociedade?! Não são nada, mas conseguem tudo.
Se os comparamos aos vampiros veremos que têm mais semelhanças do que diferenças. Não são em nada melhor do que eles. Ao fim ao cabo, acabaram por fazer dos vampiros idolatrados, em vez de temidos. Foi numa sociedade sem pudor, no que a nossa se tornou. Não nos limitamos a viver a nossa vida, limitamo-nos a depender das dos outros para a nossa sobrevivência.
Actualmente, é bastante fácil de “reconhecer uma tendência do ser humano para explorar os seus pares”, os seus colegas, toda a sociedade na qual se insere, simplesmente em benefício próprio, tal como um vampiro, que usa o homem para sobreviver. Utilizamos os outros, descartámo-los quando já não precisamos deles, fazemos deles lixo, contudo quando precisamos é a eles que voltamos a recorrer, numa dependência que ninguém assume. Quer aceitemos, quer não, dentro em breve todos seremos vampiros para alguém, se é que já não o somos.
Quando se trata de reconhecer nos outros os seus defeitos, agimos com a maior das facilidades. Criticamos, abordamos, vezes em conta o assunto, mas nada fazemos para alterar a situação. Meramente observamos sem nunca reflectirmos, nunca nos apercebendo de que as vivências dos outros se tratam também nas nossas, e de que a nossa felicidade trás a outros a tristeza. E o pior, é que lidamos, diariamente, com filosofias de igualdade, mas estas nunca ultrapassam o papel, e cada vez há mais “vampiros” humanos.
Assim, alguém tem de destruir estes vampiros, não se juntado ao seu clã. Temos de ganhar a nossa própria liberdade, sem contudo “sugarmos” a liberdade dos outros. Somos vampiros com o poder de manipular, roubar o que de melhor o outro tem, simplesmente por egoísmo, pela necessidade de termos um ego superior ao do próximo. Somos os vampiros do século XXI, é esta a verdade.

Tic tac tic tac.

O que foi, o que é. Será que foi?
Passamos dias, anos a lidar com os outros, a conviver com eles, a conhecê-los, julgamos nós. Porém aqueles que são verdadeiros, que têm medos que sofrem no silêncio, esquecemo-nos deles. Aqueles que mostram a sua máscara acreditamos neles, caímos na sua teia. Somos a presa na sua teia. Ficamos presos no seu enredo.
Acreditamos, vivemos, sorrimos, e quando julgávamos que era amizade, a ternura, a alegria… Vivemos o colapso. Parece-me o fim. Será de facto o fim? Pensei que sim.
Hoje, nestes segundos passados descobri que não o fora. Tratou-se de um teste da minha mente, a ilusão, a criação que me alertou para o futuro que se aproxima. O futuro onde se vive da aparência. Se vive da ganância. Onde amizades se constroem ao sabor do vento, e não com o tempo. É assim.
Que me perdoem os que comigo sofrem, os que das minhas mágoas fazem as suas e que com o meu sorriso o seu completam. Descobri-te, oh consciência. Obrigada, religião.
Deus ajuda-me, acredita. É um guia.
A vós vos agradeço por me amarem. De mim, hoje obtiverdes a consideração, a importância da vossa existência.
A ti te estou grata.