" A exploração do ser Humano pelo ser Humano. "

“Existem muitos tipos de vampiros, mas nem todos eles sugam o sangue.” Muitos, dos que leram esta frase, de Fritz Lieber, julgaram-na absurda. Uma pessoa a falar de vampiros, que nem sequer existem, e ainda a dizer que há vampiros que não sugam sangue. É uma inutilidade. Contudo o que não vêem, ou fingem não ver, é que esses vampiros “incompletos” se tratam deles próprios. Cada um desses vampiros é um pouco de cada um de nós, retratando a nossa ganância e egoísmo.
Começamos por tentar mandar nos outros, fazê-los acreditar que nós temos poder sobre eles, que devemos ser nós a guiá-los e que eles nos devem seguir. Os outros, sem saber como ou porquê, ao fim de algum tempo caem no fundo e não se apercebem que os “despojamos das suas energias, vontades e do seu livre arbítrio”. Tiramos-lhes a vida, todavia o sangue ainda flui nos seus corpos. O sangue continua a fluir, mas o coração pára. Pára de tristeza, pára pela ânsia da liberdade. Pára, quando o coração de outro bate, cada vez mais friamente, ao ver o seu império crescer, á custa dos que “sugou”.
Não sobrevivemos com o seu sangue, sobrevivemos com as suas vidas. Roubamo-los de tal forma que eles acabam por morrer, psicologicamente, pois é impossível que alguém viva, tendo como sombra outra pessoa. Mordemos-lhes sem os matarmos, deixamos os seus corpos. Mas que diferença faz, não seremos igualmente vampiros?! Somo-lo.
O homem que bate na sua mulher; a mulher que obrigada os seus filhos a trabalharem, ao invés de estudarem; os filhos que abandonam os seus pais, idosos, em lares sem condições; os patrões que não pagam salários e forçam os seus funcionários a trabalhar. Quem são estas pessoas na nossa sociedade?! Não são nada, mas conseguem tudo.
Se os comparamos aos vampiros veremos que têm mais semelhanças do que diferenças. Não são em nada melhor do que eles. Ao fim ao cabo, acabaram por fazer dos vampiros idolatrados, em vez de temidos. Foi numa sociedade sem pudor, no que a nossa se tornou. Não nos limitamos a viver a nossa vida, limitamo-nos a depender das dos outros para a nossa sobrevivência.
Actualmente, é bastante fácil de “reconhecer uma tendência do ser humano para explorar os seus pares”, os seus colegas, toda a sociedade na qual se insere, simplesmente em benefício próprio, tal como um vampiro, que usa o homem para sobreviver. Utilizamos os outros, descartámo-los quando já não precisamos deles, fazemos deles lixo, contudo quando precisamos é a eles que voltamos a recorrer, numa dependência que ninguém assume. Quer aceitemos, quer não, dentro em breve todos seremos vampiros para alguém, se é que já não o somos.
Quando se trata de reconhecer nos outros os seus defeitos, agimos com a maior das facilidades. Criticamos, abordamos, vezes em conta o assunto, mas nada fazemos para alterar a situação. Meramente observamos sem nunca reflectirmos, nunca nos apercebendo de que as vivências dos outros se tratam também nas nossas, e de que a nossa felicidade trás a outros a tristeza. E o pior, é que lidamos, diariamente, com filosofias de igualdade, mas estas nunca ultrapassam o papel, e cada vez há mais “vampiros” humanos.
Assim, alguém tem de destruir estes vampiros, não se juntado ao seu clã. Temos de ganhar a nossa própria liberdade, sem contudo “sugarmos” a liberdade dos outros. Somos vampiros com o poder de manipular, roubar o que de melhor o outro tem, simplesmente por egoísmo, pela necessidade de termos um ego superior ao do próximo. Somos os vampiros do século XXI, é esta a verdade.

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