Metamorfose

Digam o que disserem, vivemos sempre na ilusão de tudo voltar ao que era. A traição é pecado, mas pecadores somos, todos, nós se não soubermos perdoar.
Quando nos apegamos às pessoas é difícil conseguirmos quebrar aquele laço afectivo que nos prende, e se o tentarmos fazer é como se uma parte de nós se fragmentasse.
Sempre ouvi dizer que a felicidade não dura para sempre, já tenho argumentos que o provem. Também ouvi dizer que quando somos felizes não damos conta que o somos e não valorizamos essa alegria.
Os momentos que contigo partilhei foram os melhores que já vivi. Éramos um só corpo e uma só alma. Vivíamos todos os momentos como se não houve amanhã. Nós éramos a felicidade humana. Mas, nem todas as histórias podem acabar bem. Ás vezes por mais que releiamos a mesma história vezes sem conta, não conseguimos encontrar, o Momento.
Traíste-me. Não interessa o tipo de traição, mas sim que foste Tu a trair-me. Isso sim me fere e corrói a alma.
Idealizas, planificas, sonhas, e quando menos esperas tudo cessa, e ficas envolta na solidão, procurando saber onde falhas-te, recebendo todo o amor que ofereces-te em forma de egoísmo e mentira. Tentas encontrar as tuas fraquezas, mas quando o fazes a outra pessoa parece querer expulsar-te da sua vida com mais pujança. É tarde. Olhas em volta e estás só, rodeada de gente. Corpos desprovidos de almas.
Se me questionarem sobre o sucedido, direi somente que fui traída, não ousem questionar-me mais. Dei a minha alma e recebi-a fragmentada. Aviso que neste momento ela está a reconstituir-se, e quando esta metamorfose estiver completa direi somente: Obrigada, por me tornares mais forte.


. Porque o amor é uma doença, na qual julgamos ver uma cura e Tu és um mar de gente sem rumo.

Tenho medo de amar.

Talvez nunca seja capaz de amar verdadeiramente alguém.
Talvez nunca perca este egoísmo que me persegue por todos os cantos.
Talvez nunca chegue a ser eu mesma, com receio de me odiar a mim mesma, mais do que já me odeio.
Talvez tudo o que já vivi seja fruto de uma ilusão da qual não me consigo libertar.
Talvez não passe de um mísero corpo, fútil e inútil.
Talvez não seja nada. Talvez nem sequer exista para os outros.
Talvez todos me vejam, mas nunca ninguém tenha, sequer, ousado observar-me minimamente.
Talvez. Talvez.
Talvez seja o ser para o qual a palavra vazio foi criada. Mas isso era ser demasiado importante.
Não sou nada.
Quero soltar gritos, mas não sei bem que gritos.
Gritos de dor? Gritos de angústia? Gritos de inveja?
Eu nem de gritar sou capaz.
“tu nunca serás nada”

A razão porque dói tanto separarmo-nos é porque as nossas almas estão ligadas. Talvez sempre tenham estado e sempre o fiquem. Talvez tenhamos vivido milhares de vidas antes desta, e em cada uma nos tenhamos reencontrado. E talvez que em cada uma tenhamos sido separado...s pelos mesmos motivos. Isto significa que esta despedida é, ao mesmo tempo, um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio ao que virá.
Quando olho para ti vejo a tua beleza e graça, e sei que cresceram mais fortes com cada vida que viveste. E sei que gastei todas as vidas antes desta à tua procura. Não de alguém como tu, mas de ti, porque a tua alma e a minha têm que andar sempre juntas. E assim, por uma razão que nenhum de nós entende, fomos obrigados a dizer-nos adeus.
Adoraria dizer-te que tudo correrá bem para nós, e prometo fazer tudo o que puder para garantir que assim será. Mas se nunca nos voltarmos a encontrar outra vez, e isto for verdadeiramente um adeus, sei que nos veremos ainda noutra vida. Iremos encontrar-nos de novo, e talvez as estrelas tenham mudado, e nós não apenas nos amemos nesse tempo, mas por todos os tempos que tivemos antes.
 
Nicholas Sparks