" Quando lerem isto, espero já estar morta.
Não podemos desfazer algo que já aconteceu; não podemos retirar uma palavra que já foi dita em voz alta. Pensarão em mim e desejarão ter sido capazes de me convencer a não fazer isto. Tentarão descobrir o que deveriam ter dito, o que deveriam ter feito. Suponho que deveria dizer-vos, Não se recriminem; a culpa não é vossa, mas isso seria mentira. Todos sabemos que não cheguei até aqui sozinha.
Chorarão no meu funeral. Dirão que isto não tinha de ser assim. Comportar-se-ão como toda a gente espera que se comportem. Mas será que sentirão a minha falta?
E mais importante – será que eu vou sentir a vossa?
Será que algum de nós deseja verdadeiramente ouvir a resposta a esta pergunta? "

Sim, já pensei no suicídio, também quem de nós nunca ousou pensar nisso? Todos o fizeram. Quando vivemos a adolescência pensamos em viver a nossa vida, aproveitar ao máximo, ao estilo Carpe Diem, contudo, sem darmos conta, acabamos por mergulhar no imenso buraco negro, onde as reflexões mais intensas nos ferem. Somos egoístas, todos sem excepções, mesmo tu que pensas ou dúvidas que não o sejas. Basicamente passamos a nossa vida de estudante a tentarmos pertencer a um grupo, só porque sim. Para mostrarmos aos outros que somos aquilo, e ignorando as nossas opiniões, opiniões, essas, que na maior parte das vezes nem existem, uma vez que passamos a respirar somente as dos outros. Esquecemos quem somos, sem nunca termos tido, exactamente, a consciência de nós mesmos.
Fundimo-nos com normal, pois todos recusam a diferença. Não porque ser diferente implica qualquer distúrbio pessoal, mas porque a nossa sociedade é IGNORANTE! Nada pode ser contrário daquilo que estamos habituados. Os filhos são o reflexo dos pais, todas as atitudes por mais pequenas e insignificantes que os filhos assistam no desenrolar do seu desenvolvimento, vão contribuir exaustivamente para a formação como pessoa desse indivíduo, quer sejam aspectos negativos quer sejam as melhores qualidades do mundo.
Tudo neste miserável planeta (miserável porque as pessoas construíram com ele a sua incapacidade evolutiva) é reflexo das mais pequenas atitudes, desde a idade da pedra até hoje. Nós não somos nada. Somos o vazio, a inveja e a ganância, nada mais importa a não sermos nós mesmos. Morreremos como o nosso próprio veneno…


Baseado: PICOULT, Jodi (2007), Dezanove minutos, Porto: Civilização Editora.

1 comentário:

Maria Francisca disse...

Conseguiste transmitir o que sentias. Devo dizer que não concordo, de longe, com o que dizes.
Acho que não há nada miserável neste mundo a não ser a pouca predisposição do Homem a fazer algo para mudar.